Países taxados são grande fonte de insumos farmacêuticos
porGabriel Noronha / FONTE: PANORAMA FARMACÊUTICO
A oficialização das tarifas na indústria farmacêutica dos Estados Unidos pode gerar problemas de abastecimento no país, além de pesar no bolso da população. Principal destaque do início do segundo mandato de Donald Trump, a tributação de importações afeta diversos segmentos da economia e divide opiniões. As informações são do portal Fierce Pharma.
No último final de semana, a equipe do presidente anunciou um tarifaço de 25% sobre todas as importações provenientes de países como Canadá e México, além de uma taxa adicional de 10% aos produtos chineses. A nova legislação, no entanto, deve entrar em vigor no início desta quinta-feira, dia 6, impactando apenas os produtos asiáticos, tendo em vista que o governo americano firmou acordos com o México e o Canadá, adiando o início das taxações em um mês.
Uma nota oficial da Casa Branca publicada no sábado associa as novas medidas à polêmica de imigração e a uma tentativa de combater a circulação de substâncias químicas e drogas ilícitas no país.
Impactos das tarifas na indústria farmacêutica
Os países citados, com destaque para a China, são grandes fontes de importação de ingredientes farmacêuticos ativos (IFA) para os EUA, fator que afetaria diretamente os preços do setor.
A Healthcare Distribution Alliance (HDA), associação de distribuidores farmacêuticos, se posicionou contra a medida divulgada por Trump, solicitando isenções para os produtos ligados ao mercado de medicamentos:
“Nos preocupa que a implementação de tarifas em medicamentos genéricos produzidos fora dos EUA possa colocar uma pressão adicional em uma indústria que já passa por momentos de dificuldade financeira”, afirma a entidade em comunicado publicado no domingo.
“Distribuidores e produtores de genéricos não podem absorver os crescentes custos das tarifas de importação. As tarifas de Trump provavelmente vão criar novos e mais severos períodos de falta de medicamentos vitais, o que pode prejudicar diversos pacientes”, finaliza a HDA.
A Association for Accessible Medicines (AAM) seguiu a mesma linha de raciocínio, com o CEO da organização, John Murphy III, citando a natureza global da indústria farmacêutica americana como argumento contrário ao tarifaço.
Com uma posição mais neutra, o CEO da National Association of Manufactures, Jay Timmons, declarou que “os fabricantes entendem a necessidade de combater a entrada de drogas ilícitas no país”, mas ponderou que a proteção dos ganhos dos fabricantes americanos é “crítica” e reforçou a importância dos países alvo das tarifas.
“Um terço dos ingredientes fundamentais da produção americana vem do Canadá ou do México. Uma tarifa de 25% nesses países acaba ameaçando as fontes de oferta que fazem o mercado farmacêutico americano globalmente competitivo”, explica o executivo.
“No final, os produtores serão os maiores impactos com o tarifaço, tendo sua habilidade de vender nossos produtos em um preço competitivo prejudicada, colocando empregos americanos em risco”, finaliza Timmons.
0 comentário