Possibilidade surge em momento de controle de inflação e crise na imagem governamental

porCesar Ferro / FONTE: PANORAMA FARMACÊUTICO

Às vésperas do tradicional reajuste dos remédios, o governo deve colocar em pauta a redução do teto para os preços de medicamentos. O objetivo seria reduzir a diferença entre o limite máximo de precificação e o valor praticado pelas farmácias, que conta com um desconto médio de 30%. As informações são do Valor Econômico.

A Câmara de Regulação de Medicamentos (CMED), que fica sob o guarda-chuva da Anvisa, deve determinar uma diminuição não agressiva, para não interferir na política comercial do varejo farmacêutico. Mas a possibilidade preocupa o mercado.

Redução no teto dos preços de medicamentos preocupa o setor 

Fontes do mercado ouvidas pelo Panorama Farmacêutico se mostraram apreensivas com a possibilidade. “Se isso for implementado, irá dificultar a vida de muitas empresas, em especial aquelas com despesas atreladas ao faturamento”, afirmam.

Varejistas e indústrias concordam que a medida desincentiva a concorrência e será nociva para os varejistas regionais de pequeno ou micro porte, que representam 80% do varejo farmacêutico. Em paralelo, medicamentos que já têm um tíquete baixo podem se tornar ainda menos atrativos para as farmácias e fabricantes.

“A meu ver, se o preço diminui a margem em reais cai. Haverá pressão para mantê-la. Inicialmente, os grupos menores serão afetados e, no fim, vai acabar sendo repassado ao consumidor”, comenta o presidente do Sindusfarma, Nelson Mussolini.

Por meio de nota, a Interfarma alegou não ter conhecimento de nenhuma movimentação nesse sentido, mas alertou que “valores não adequadamente formados podem levar a indústria a deixar de lançar produtos, ou mesmo causar desabastecimento”.

“Se baixar o teto, 50 mil a 60 mil farmácias não sobrevivem. Muitas vivem do preço cheio e só dão desconto quando podem. É insustentável para elas venderem num preço menor”, afirma uma fonte ligada ao varejo farmacêutico.

Reajuste deve variar entre 2,5% a 5% 

Segundo estimativas de instituições financeiras, o reajuste de medicamentos deve ficar entre 2,5% a 5%, a depender da competitividade do produto. A média prevista é de 3,8%.

Assinam a previsão, divulgada em fevereiro, bancos como BTG, Citi, Goldman Sachs, Itaú BBA e XP. Caso seja confirmada, a taxa para o aumento atingirá duas marcas preocupantes para o mercado farmacêutico: o menor reajuste aprovado de 2018 para cá e a primeira vez em sete anos que o índice fica abaixo da inflação.

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