O Nordeste é uma das apostas da Cimed para atingir, pela primeira vez em sua história, faturamento anual de R$ 5 bi
Fernando Ítalo / FONTE: MOVIMENTO ECÔNOMICO
Num momento de melhora no panorama macroeconômico do país, com reflexos no Nordeste, e mudanças positivas na tributação do setor, a Cimed – número 3 na indústria farmacêutica brasileira – espera aumentar este ano a participação da região nos negócios da empresa. Em 2023, os estados nordestinos responderam por 19% da receita. A projeção para 2024 é de 25%, de acordo com o CEO João Adibe Marques.
A estimativa de incremento de seis pontos percentuais na fatia do Nordeste se baseia na reação que a economia regional vem apresentando num cenário nacional de PIB revisado para cima, juros em queda, inflação sob controle, recuperação do poder de compra do salário mínimo (que este ano terá aumento real de 3%), diminuição do endividamento das famílias e desemprego em declínio.
Para entender o que esse quadro representa para a Cimed, basta lembrar que, no ano passado, capitais nordestinas, como Recife e Salvador, chegaram a liderar as taxas nacionais de desocupação, o que vinha gerando impactos para diversas áreas que dependem do consumo.
São mudanças como essa – num mercado cuja população representa 28% dos habitantes do Brasil – que animam a Cimed. Com isso, o Nordeste ganha importância crucial para que a companhia atinja a meta de receita total estipulada para o planejamento 2024-2025.
Nesse período, a companhia quer atingir, pela primeira vez, a marca de R$ 5 bilhões de faturamento anual, salto de 66% sobre os resultados do ano passado.
Cimed vê resistência aos genéricos em declínio no NE
Além da macroeconomia, outro aspecto que contribui para o otimismo da Cimed é o fato de que a resistência dos consumidores nordestinos aos genéricos vem perdendo força. A rejeição a esses produtos no Norte e Nordeste chegou a gerar grande preocupação nos fabricantes desse segmento.
“O que tem ajudado muito é o crescimento dos genéricos [na região]. A população [do Nordeste] entendeu o são esses medicamentos e o que eles podem trazer pro bolso. Esse ainda é um grande desafio regional, mas a informação vem contribuindo para uma alteração”, analisa o empresário.
Na visão de João Adibe, hoje há uma “educação” da sociedade – que não existia no passado – a respeito de como os genéricos proporcionam acesso de baixo custo a uma série de tratamentos, sem prejuízo de eficácia.
Genérico é um medicamento com a mesma substância ativa, forma farmacêutica, dosagem e indicação farmacológica que o produto de marca no qual foi baseado (chamado “medicamento de referência“), sem no entanto apresentar nome comercial.
Pernambuco é destaque nas vendas da Cimed
No mercado nordestino, um dos estados de destaque para a Cimed é Pernambuco, juntamente com a Bahia e o Ceará.
No ano passado, as vendas da companhia para consumidores pernambucanos tiveram expansão de 21%, dois pontos percentuais acima do incremento médio regional. Ao todo, o fabricante comercializou em Pernambuco 21,3 milhões de unidades de produtos, que totalizaram R$ 119,6 milhões.
“A Cimed tem 20,7% de participação do mercado farmacêutico estadual. Lidera em genéricos e equivalentes, com 18,3% de marketshare, em higiene e beleza, com 43,1% de share, e em vitaminas, com 26,8%”, comemora o CEO, que vê um horizonte bastante promissor. “Temos um potencial de crescimento de 60% no estado”, defende.
Cimed otimista com reforma tributária
Já em nível nacional, há um elemento que reforça a perspectiva positiva da Cimed não apenas para o biênio 2024-2025, mas para o longo prazo: o alívio decorrente da reforma tributária aprovada em 2023.
Este ano, começa um período de transição para que a alíquota de medicamentos e produtos de cuidados básicos à saúde menstrual seja reduzida em 60%. Remédios utilizados no tratamento de doenças graves, como câncer, terão a tributação zerada. “O avanço será progressivo, até chegarmos a uma virada de chave em 2026”, diz João Adibe.
Segundo os especialistas da área, esse movimento não deverá trazer reflexos significativos sobre o preço final dos medicamentos.
Mas, para o presidente da Cimed, a diminuição da carga ajuda a reduzir a pressão em um setor que é diretamente afetado por uma série de outros fatores – como a variação do dólar – e tem grande importância nos gastos das famílias.
A cada flutuação da moeda estrangeira para cima – explica – o segmento é impactado negativamente devido aos efeitos no preço das matérias-primas.
Quem é a Cimed?
Empresa 100% brasileira, a Cimed tem um porftólio de 600 produtos, está presente em 60 mil pontos de venda (98% das farmácias do país), gera cinco mil empregos diretos, faturou R$ 3 bilhões em 2023 e lidera nacionalmente diversos segmentos, como os de antigripais, vitaminas e medicamentos isentos de prescrição médica.
A companhia, fundada em 1977, tem sede administrativa em São Paulo, complexo fabril em Pouso Alegre (MG) e uma central de distribuição nacional e gráfica própria em São Sebastião da Bela Vista (também em Minas). A estrutura inclui ainda 26 centros logísticos menores espalhados pelo país.
A complexidade dessas operações evidencia o crescimento da marca. Apesar dos diversos desafios da macroeconomia nos últimos anos e de questões inerentes à própria atividade, a companhia vem demonstrando resiliência e senso de oportunidade para aproveitar o avanço dos genéricos no país.
Para se ter uma ideia de como a empresa tem se beneficiado desse mercado, a Cimed, em 10 anos, saltou da 36ª para a 3ª posição entre os maiores laboratórios do setor no país.
0 comentário