porCesar Ferro / FONTE: PANORAMA FARMACÊUTICO

Para muitos, a industria farmacêutica sequer existia antes desse medicamento. O ácido acetilsalicílico, mais conhecido como a marca Aspirina, foi o primeiro remédio a ser sintetizado em um laboratório. As informações são da BBC.

O farmáco foi registrado na Alemanha em março de 1899, mais precisamente em Berlim, por uma indústria que se tornaria uma gigante no setor – a Bayer. Mas essa história supera 125 anos.

Medicamento que mudou a indústria farmacêutica tem mais de 2 mil anos

Sim, você não leu errado. Apesar de a Aspirina “só” ter 125 anos, o ácido salicílico está presente na natureza há, no mínimo, 2,4 mil anos. O princípio ativo por trás do medicamento vem de uma subtância encontrada em árvores da família dos salgueiros, cujo nome científico é Salix – o que explica o termo salicílico.

Sintomas como dor e febre, hoje em dia combatidos pelo ácido acetilsalicílico, na eram amenizados na antiguidade por meio de um extrato poduzido com o caule e as folhas dessa planta. Era uma espécie de “Aspirina raiz”.

A planta era usada medicinalmente no antigo Egito e receitada pelo pai da medicina, Hipócrates.

Substância era perigosa

Segundo Jean Leandro dos Santos, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a substância, em sua forma natural, é muito danosa para o sistema digestivo.

“O produto isolado da casca do salgueiro, chamado de salicina, ainda hoje é utilizado no tratamento de verrugas e calos. Justamente para evitar distúrbios estomacais, foi necessário modificá-lo até chegar à composição do ácido acetilsalicílico”, explica.

O processo, entretanto, não foi tão simples. Por muitos anos, cientistas debruçaram-se para entender como atenuar os efeitos colaterais sem perder os benefícios dessa susbtância.

Sucesso veio com motivação pessoal

Vários tentaram aquilo que apenas Felix Hoffmann, pesquisador da Bayer, conseguiu – sintetizar a salicina de maneira segura em um tratamento oral. Talvez a motivação pessoal tenha sido o segredo. Afinal, ele buscava um tratamento capaz de aliviar as dores de seu pai, que sofria com reumatismo.

Sua descoberta, em 1897, não apenas confortou um ente querido. O medicamento transformou a forma como enxergamos a dor.

Medicamento foi pioneiro como comprimido

Além de ser o primeiro remédio feito em laboratório, o farmáco tornou-se o primeiro vendido na apresentação de comprimidos, a partir de 1900. Até então comercializado em pó, o novo formato significava um passo a mais no caminho da desburocratização do tratamento, que agora não demandava mais o acompanhamento de um profissional da saúde.

A praticidade fez com que o item se tornasse recorrente nas casas e, com a explosão da Primeira Guerra Mundial, um companheiro indispensável dos soldados.

Com o tempo, direcionamento mudou

Embora tenha revolucionado o tratamento da dor no começo do século 20, o ácido acetilsalicílico passou a ser aplicado no combate a doenças cardiovasculares e cânceres.

“No Brasil, como analgésico se usa muito mais o paracetamol e a dipirona, cujos efeitos para o estômago são menores”, afirma Ana Paula Herrmann, professora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Este conteúdo é meramente informativo e não substitui a consulta médica. Para esclarecimento de dúvidas adicionais sobre uma patologia, medicamento ou tratamento, converse com um profissional de saúde de sua confiança. Evite sempre a automedicação

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