Fonte: Redação Panorama Farmacêutico
O fechamento das fronteiras na China e na Índia durante a pandemia, a elevação dos custos de frete e, mais recentemente, a guerra na Ucrânia e a alta do petróleo ressaltaram os problemas de adquirir matéria-prima em períodos conturbados. A dependência da importação de IFA (insumo farmacêutico ativo) reflete diretamente na prateleira das farmácias e no estoque dos hospitais.
Em novo levantamento, o CRF-SP revelou que 98% dos farmacêuticos informaram a falta de medicamentos nos locais em que trabalham. A lista inclui principalmente antibióticos, como amoxicilina e a azitromicina, antialérgicos, como a loratadina, e até mesmo analgésicos, como a dipirona e o paracetamol. Em reportagem do G1, a vice-presidente da entidade, Luciana Canetto, diz que as indústrias alegam problemas para trazer matéria-prima para a produção dos medicamentos no Brasil.
Em nota, o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) afirma que não há problemas de fornecimento de insumos farmacêuticos ativos. A falta dos medicamentos é causada por problemas logísticos e de fornecimento de embalagens.
Reforma tributária para frear a dependência da importação IFA
Reportagem da Folha de S.Paulo lembrou que até o final dos anos 1980, o país produzia 50% de IFA. Com a queda das proteções tarifárias à importação de produtos no início dos anos 1990, os insumos produzidos na China e Índia, ofertados a preços muito baixos, dominaram o mercado. E a indústria farmoquímica no Brasil foi fechando as portas, diante da ausência de políticas de incentivo.
Para Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma, são necessárias uma reforma tributária e uma revisão do chamado “custo Brasil” para que o país desperte interesse de empresas para a produção nacional de IFA.
Ricardo Pacheco, CEO do laboratório Cristália, explica que produzir IFA no Brasil é muito mais desafiador do que fabricar na China e na Índia. Questões regulatórias, a falta de investimentos, de linhas de financiamentos e o custo da importação de equipamentos e da pesquisa são alguns dos entraves.
Com três farmoquímicas, uma delas oncológica, e duas plantas de biotecnologia que produzem os IFAs biológicos, o laboratório produz 68% dos insumos dos cerca de 350 medicamentos de seu portfólio. Segundo o executivo, é necessário criar um marco legal que possa dar segurança jurídica e estimular a indústria química em geral.
Fonte: Redação Panorama Farmacêutico
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