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Setor está 1,5% abaixo do patamar pré-pandemia e segue patinando em meio ao aumento do custo de produção e escassez de matérias-primas

 (Divulgação/José Paulo Lacerda/CNI)

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Por Agência O Globo

A produção industrial brasileira segue sem sinais de robusto crescimento. O setor avançou 0,1% na passagem de março para abril deste ano, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira. Nos quatro primeiros meses, acumula queda de 3,4%.

Se considerados os últimos 12 meses, o setor acumula retração de 0,3%. É o primeiro resultado negativo desde março de 2021 (-3,1%). Na comparação com abril de 2021, produção caiu 0,5%. O resultado não foi uma surpresa para os analistas, que esperavam alta de 0,1% no trimestre.

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ste é o primeiro resultado setorial apresentado pelo IBGE referente ao mês de abril, passando a contemplar parte do desempenho do segundo trimestre deste ano. Na última quinta-feira, o IBGE divulgou a alta de 1% do PIB no primeiro trimestre, com a indústria ainda patinando no período.

O gerente da pesquisa, André Macedo, explica que o setor industrial teve uma melhora em seu desempenho nos últimos três meses em que colheu resultados no campo positivo. Mas essa melhora está atrelada ao fim das restrições sanitárias e é insuficiente para compensar as perdas do passado.

“Mesmo que nos últimos seis meses a indústria tenha mostrado cinco taxas no campo positivo, ainda assim está 1,5% abaixo de fevereiro de 2020”, diz Macedo.

Segundo o IBGE, as plantas industriais ainda percebem o aumento do custo de produção e a escassez de algumas matérias-primas.

Produção de combustíveis puxa alta

Das quatro categorias econômicas pesquisadas, duas tiveram alta. Os bens de consumo semi e não duráveis subiram 2,3% enquanto os bens intermediários avançaram 0,8%. A atividade que mais contribuiu para a variação positiva em abril foi a de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, com crescimento de 4,6%. Outras atividades que contribuíram para a variação positiva de abril foram: bebidas (5,2%) e outros produtos químicos (2,8%).

Por outro lado, os setores produtores de bens de capital recuaram 9,2% e de bens de consumo duráveis caíram 5,5%. A retração nesses dois setores acabou interrompendo dois meses seguidos de crescimento na produção, período em que acumularam avanços de 12,1% e 3,8%, respectivamente.

Perspectivas

A economia brasileira tem sido impulsionada, conforme resultado do primeiro trimestre deste ano, pelo consumo das famílias. O consumo, contudo, não é o suficiente para alavancar a indústria. A inflação elevada e a alta dos juros atuam como limitadores sobre o desempenho do setor. Isso porque a inflação corrói renda das famílias, enquanto os juros altos encarecem o crédito, o que prejudica a demanda e produção interna principalmente por itens do setor de bens duráveis.

Pelo lado da oferta, o setor industrial ainda enfrenta problemas com a desorganização das cadeias produtivas, que levou à falta de componentes e ao encarecimento das matérias-primas usadas pelas fábricas.

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Apesar do cenário desafiador para o setor, empresários estão mais otimistas para os próximos meses. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) do FGV IBRE subiu 2,3 pontos em maio, para 99,7 pontos, o maior nível desde dezembro de 2021, quando ficou em 100,1 pontos. “A magnitude da alta foi influenciada ela recuperação expressiva do otimismo entre os produtores de não duráveis. No extremo oposto, a única categoria de uso a registrar aumento do pessimismo no mês é a de bens duráveis, uma cautela que está diretamente relacionada ao aumento gradual das taxas de juro”, comenta Aloisio Campelo Jr., economista do FGV IBRE.

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