As obras do Trem 2 da Rnest vão contribuir para um novo ciclo de crescimento da economia em Pernambuco, segundo especialistas
De Recife angela.belfort@movimentoeconomico.com.br / FONTE: ME
A retomada das obras do Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) promete trazer um novo ciclo de crescimento para o Porto de Suape e sua área de influência formada por sete municípios. E vários atores começam a se mexer para que isso ocorra. O gerente de Política Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Maurício Laranjeira, diz que a entidade pretende estruturar encontros, em parceria com a Petrobras, destinados às empresas interessadas em fornecer bens e serviços para as empresas que vão realizar a obra.
Segundo ele, a implantação de uma obra deste porte traz impacto a toda a cadeia produtiva do Estado com bens e serviços que serão necessários durante a obra, principalmente nos setores de alimentos, transporte, vestuário, construção civil, equipamentos, metal mecânico e de produção de material elétrico.
A expectativa é de que as obras comecem no segundo semestre deste ano. Na última segunda-feira (16), a empresa Consag Engenharia assinou contratos que somam R$ 4,9 bilhões em obras a serem realizadas na implantação do Trem 2. “Esta obra vai ter um impacto duplo, em fases distintas”, diz o doutor em Economia e sócio-diretor da Ceplan Consultoria, Jorge Jatobá.
Na primeira fase, o impacto vai ser grande na geração de emprego e renda na região. A expectativa é de que 10 mil pessoas trabalhem nas obras que devem ser concluídas até 2029. “Talvez, nem tenha toda essa mão de obra seja local, porque vai precisar de trabalhadores qualificados. É provável que uma parte dos que trabalharam, na implantação da refinaria há 10 anos, voltem. Mesmo que os trabalhadores não sejam pernabucanos, eles vão gastar aqui, enquanto as obras estiverem em andamento”, explica Jatobá.
O outro impacto será quando o Trem 2 começar a operar. A previsão é de que sejam processadas 260 mil barris de petróleo por dia, saindo dos atuais 130 mil barris diários. Quando o Trem 2 for concluído, a Rnest será a segunda maior refinaria da Petrobras em capacidade de processamento de petróleo.
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“Pernambuco está indo na direção contrária do que está ocorrendo no Brasil. A ampliação da capacidade de processamento da Rnest vai aumentar a participação do Produto Interno Bruto (PIB) industrial no PIB de Pernambuco, o que é bom para a economia”, comenta Jatobá.
Ele lembra que, nos primeiros meses deste ano, a Rnest fez uma parada para manutenção e isso provocou uma queda expressiva na produção industrial pernambucana. Quando a refinaria voltou a produzir, a produção industrial do Estado registrou um crescimento de 31% em abril último impactada pela retomada da Rnest.
O economista acrescenta: na fase de operação serão empregos qualificados que vão impactar a massa salarial do Estado, além de trazer impacto nas finanças dos municípios e na arrecadação de impostos. Aumento da produção da Rnest será gradativa
A expectativa é de que a Rnest passe a processar 180 mil barris de petróleo por dia até 2026. “Este empreendimento vai trazer um desenvolvimento extraordinário. Não só Suape, mas os municípios de Cabo e Ipojuca e também o governo do Estado, estão muito atentos para que possa ser um desenvolvimento sustentável”, resume o diretor-presidente do Complexo Industrial e Portuário de Suape, Armando Monteiro Bisneto.
Todo o complexo – que inclui mais de 80 empresas da iniciativa privada – emprega cerca de 27 mil pessoas. E só o canteiro de obra da Rnest, da fase 2, do Trem 2, vai precisar de cerca de 10 mil trabalhadores. “Acredito que este vai ser um desenvolvimento mais inclusivo. O empreendimento tem um potencial extraordinário para trazer recursos para Pernambuco. Hoje, a Petrobras paga R$1,6 bilhão de ICMS a Pernambuco. Ou seja, há o potencial de que isso dobre. Dos 250 municípios em que a Petrobras paga ISS, Ipojuca é hoje o quarto, recebendo mais de R$ 74 milhões de ISS por ano”, comenta Armando.
O impacto da implantação do Trem 2 no Porto de Suape também deve ser expressivo. A Petrobras hoje representa 35% da geração de receita da estatal Suape e o Terminal de Contêineres (Tecon-Suape), 55%. Ou seja, somente duas empresas geram 90% da receita da estatal Suape.
Segundo Armando, está se desenhando um novo ciclo de desenvolvimento com a implantação do Trem 2 da Rnest, as duas fábricas de e-metanol, a unidade da Blau Farmacêutica, o projeto de ampliação da tancagem em Suape, o terminal de regaseificação do GNL e o grande terminal de GLP, que tem à frente o grupo Edson Queiroz em parceria com outras empresas. “Isso tudo vai gerar um aquecimento muito grande da nossa economia e principalmente naquela região do Suape, que vai recuperar o dinamismo”, conta o diretor.
Ele diz também que o Estado tem percepção dos desafios, de que é preciso um trabalho de assistência social para ter menos problemas, quando acabarem as obras. Na instalação da Rnest, quando acabaram as obras, ficaram muitas mulheres grávidas de trabalhadores que foram embora, entre outros problemas sociais, como o aumento da prostituição na área.
Gargalos de infraestrutura
Na época da implantação da Rnest também estavam ocorrendo outras grandes obras em Suape e o seu entorno. A grande quantidade de trabalhadores e prestadores de serviços fez o trânsito ficar ainda mais engarrafado para chegar ou sair de Suape no início e no final do dia.
Os empresários pernambucanos vivem reclamando dos gargalos – e engarrafamentos constantes – em vários pontos da BR-101 no Cabo. Com as obras, o tráfedo de veículos vai aumentar nesta área. É preciso ter um gerenciamento maior dessa infraestrutura e também melhorias. Caso contrário, a região vai voltar a ter esses grandes engarrafamentos.
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