Aumento dos investimentos governamentais em inovação incentiva adoção desse modelo, tido como mais eficiente e econômico

porAna Claudia Nagao / FONTE: PANORAMA FARMACÊUTICO

Os contratos de licenciamento de medicamentos inovadores entre as grandes farmacêuticas multinacionais e biofarmacêuticas chinesas registraram recorde no ano passado. Considerando a movimentação em dólares, esses acordos tiveram salto de 150% em relação a 2023, alcançando as cifras de US$ 41,5 bilhões (R$ 243,84 bilhões), de acordo com GlobalData.

Os resultados podem indicar um caminho promissor para a indústria farmacêutica brasileira. Segundo a consultoria, o aumento dos investimentos governamentais em inovação biofarmacêutica permitiu a realização de testes clínicos mais rápidos e acessíveis. Também melhorou a qualidade dos medicamentos desenvolvidos no país, tornando o licenciamento um modelo de negócio mais eficiente e econômico.

“Com a queda dos aportes em fusões e aquisições, as biofarmacêuticas em todo o mundo recorreram ao licenciamento como estratégia para acessar medicamentos inovadores e fortalecer seus pipelines”, comenta Ophelia Chan, analista sênior de negócios de farmácia da GlobalData.

Licenciamento de medicamentos também impacta outro mercado

O licenciamento de medicamentos na China impacta também o mercado norte-americano. Os acordos do gênero para viabilizar a chegada desses remédios aos Estados Unidos somaram US$ 21,3 bilhões, contra US$ 15,7 bi do ano anterior. Oncologia, imunologia e distúrbios metabólicos foram as três áreas terapêuticas com maior demanda, totalizando US$ 22,2 bilhões (R$ 130,51 bilhões).

Dois exemplos chamaram maior atenção da indústria farmacêutica em 2024. Em janeiro, a Novartis fechou uma parceria de US$ 4,35 bilhões (R$ 25,57 bilhões) com a Shanghai Argo Biopharmaceutical para viabilizar o lançamento de uma terapia cardiovascular. Em dezembro, a Merck expandiu seu pipeline de oncologia ao licenciar o LM-299, um anticorpo da LaNova Medicines.

Avanço, mas com novos desafios

No entanto, as recentes decisões do governo de Donald Trump podem colocar em risco esse mercado promissor. A recém-proposta Lei de Biossegurança dos Estados Unidos, se promulgada, proibiria o financiamento federal para empresas de biotecnologia norte-americanas que utilizam serviços das farmacêuticas chinesas. Já a Política de Investimento America First, anunciada em 21 de fevereiro, visa a restringir esse intercâmbio.

“O aumento das barreiras comerciais e tarifas sobre produtos e medicamentos chineses pode elevar os custos e, em última análise, encarecer o preço final dos produtos”, reforça Ophelia.

À primeira vista esse cenário não afetaria o Brasil, por sua condição de exportador de medicamentos para o Estados Unidos. Mas a indústria farmacêutica revela uma preocupação. “O que poderia ser negativo para o setor seria uma eventual retaliação do governo brasileiro, na forma de um aumento da tributação dos medicamentos que o país importa do país”, adverte Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma.

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