• Ministério do Trabalho: empresas devem observar saúde mental de trabalhadores • 6,8% de brasileiros apostam • Vacinação contra gripe • Mario Moreira reconduzido à presidência da Fiocruz • Combate aos “desertos médicos” na França •

FONTE: OutraSaúde

por Gabriel Brito e Luiza Brazuna

O Ministério do Trabalho e Emprego publicou atualização da norma regulamentadora 1, que trata das normas que empresas devem seguir para garantir segurança a seus funcionários. Agora, questões de saúde mental estão inseridas no escopo de responsabilidades dos empregadores e devem seguir um padrão de normas técnicas neste sentido. Assim, deverão observar preceitos de garantia de segurança psicossocial, através das relações pessoais dentro do ambiente de trabalho e maior cuidado com sobrecarga de seus funcionários ou assédio moral. No momento, o país bate recordes de afastamentos do trabalho por razões como estresse, depressão e fatores que caracterizam a síndrome de burnout (esgotamento físico e psíquico), com quase 500 mil casos em 2024.

No entanto, resta saber como efetivar condições para redução de tais transtornos relacionados ao trabalho, após reformas trabalhistas e previdenciárias que ampliaram a precarização e levam parcelas cada vez maiores da população a jornadas extenuantes. Além disso, a medida do MTE não apresentou neste primeiro momento nenhuma articulação junto ao Ministério da Saúde a respeito de uma ampliação dos serviços relativos à saúde mental e como o SUS poderia contribuir com tal política.

Apostas continuam a viciar brasileiros

Enquanto isso, uma outra dimensão da vida social que tem repercutido em transtornos mentais continua em alta: as apostas. Após a legalização do jogo online, em especial dos relativos à esporte, milhões de brasileiros têm se viciado nesta modalidade fácil e acessível de jogo. O resultado são perdas econômicas de bilhões de reais, com duras repercussões nas finanças de famílias afetadas. 

Dessa forma, a questão se tornou importante tema de pesquisa científica, em especial após o ministério da Saúde ter reconhecido a questão como um problema de saúde pública. Uma matéria da revista Pesquisa Fapesp registrou que, segundo o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad) da Unifesp, 10,9 milhões de brasileiros (6,8% da população) estão envolvidos com alguma forma de jogo, com repercussões diretas na vida de seus núcleos familiares. 

Brasil lança campanha nacional de vacinação contra a gripe

Teve início nesta segunda-feira (7), em Montes Claros (MG), a campanha nacional de vacinação contra a influenza nos 20 estados das regiões Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Sudeste. Alinhada ao início do outono, época em que historicamente se registra um aumento de infecções virais respiratórias, a campanha fortalece os esforços do SUS em promover a vacinação de sua população, em especial idosos e crianças para os diferentes tipos de gripe. A meta é vacinar 90% dos grupos prioritários, com estimativa de 50 milhões de pessoas. 

No evento de lançamento da campanha, o ministro da Saúde Alexandre Padilha relembrou que a campanha contra a gripe começa no Dia Mundial da Saúde. “Entre as coisas mais importantes para salvar a vida de uma pessoa está o cuidado adequado com a saúde e a vacinação. Estar neste Dia Mundial da Saúde ao lado do presidente da república e de trabalhadores e trabalhadoras da saúde é muito significativo. O Brasil tem essa característica: a produção de insumos em saúde está diretamente combinada ao acesso da população à assistência de qualidade”, declarou.

Além disso, voltou a criticar setores negacionistas que desestimulam à imunização e contribuíram decisivamente para a queda nas coberturas vacinais nos últimos anos. Doenças como o sarampo, cuja campanha de vacinação é uma das prioridades, voltaram a causar danos à saúde pública nos últimos anos e são exemplos dos resultados gerados pela desinformação. Nos EUA, esta doença voltou a se disseminar entre crianças e acaba de causar a segunda morte no estado do Texas. 

Presidente da Fiocruz reforça compromisso com o SUS

O pesquisador Mario Moreira foi reconduzido à presidência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em cerimônia no campus-sede da Fiocruz na Zona Norte do Rio de Janeiro, na manhã de quinta-feira (4). O evento contou com a presença do ministro da Saúde Alexandre Padilha, representantes da Organização Panamericana da Saúde (OPAS), da comunidade de Manguinhos (Zona Norte do RJ), de entidades como o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) e da sociedade civil.

A cerimônia foi marcada pela reafirmação do compromisso social da Fundação com o SUS e com o enfrentamento de determinantes sociais da Saúde. “A Fiocruz é um corpo vivo, pulsante, que exala Ciência, e respira Cuidados”, afirmou Mario Moreira. Ele destacou a desigualdade como o maior desafio à Saúde da população brasileira, e a necessidade de diálogo com a sociedade. “Que ciência estamos fazendo, com quem e para quem?” é uma questão norteadora, ponderou o presidente. Moreira destacou, ainda, a necessidade de articulação frente às desigualdades globais, com impactos na Saúde e Ambiente. 

França avança no enfrentamento dos “desertos médicos”

Depois de dez anos de luta política contra o problema dos “desertos médicos”, regiões em que comunidades rurais e urbanas não têm nenhum acesso à saúde devido à falta de profissionais, parlamentares franceses enfim avançam significativamente na pauta. Liderada pelo socialista Guillaume Garot, proposta de moção para regular onde médicos podem exercer suas práticas, a fim de garantir a existência delas em lugares específicos, recebeu apoio de diversos espectros políticos (155 votos contra 85). Apenas o campo macronista e a extrema-direita se opuseram à moção.

Os “desertos médicos” são um problema antigo na França, marcado por um histórico de fechamento de clínicas e sobrecarga de trabalho para funcionários da saúde. A Assembleia Nacional, com a aprovação da moção na quarta-feira (2), entende que é hora de “pensar fora da caixa” para impedir o agravamento de desigualdades territoriais no acesso aos cuidados. Como afirmou o deputado Guillaume Garot, “todos reconhecem que a situação da saúde é insuportável”.

Gabriel Brito e Luiza Brazuna

Jornalistas do site Outra Saúde.

Categorias: SINFACOPE

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