portações tenham crescido, a pauta do que a região vende ao exterior é concentrada em poucos produtos

Ângela Fernanda Belfort

angela.belfort@movimentoeconomico.com.br / FONTE: ME

As exportações do Nordeste cresceram 60% em valores movimentados em dólar entre 2013 e 2023, enquanto no mesmo período os produtos vendidos ao exterior pelo Brasil registraram um crescimento de 48%, segundo o coordenador de Estudos e Avaliação da Sudene, José Farias. Ele se baseou nos números que estão no Boletim Comércio Exterior do Brasil e da Região Nordeste.

“A região está ficando mais exportadora. Há uma tendência da região registrar um superávit da balança comercial em 2026. Nos últimos 20 anos, é a primeira vez que isso vai acontecer”, explica. Nas últimas duas últimas décadas – com exceção do ano atípico de 2020 -, o Nordeste apresentou um perfil mais importador do que exportador.

O saldo da balança comercial do Nordeste ficou em US$ -1,985 bilhão em 2023, enquanto em 2013 este resultado ficou em US$ -12,011 bilhões. O saldo da balança comercial é a diferença entre o que foi exportado e importado. Em 2013, o Brasil apresentou um déficit da balança comercial de US$ -11,3 bilhões e, em 2023, um superávit de US$ 97,758 bilhões.

Como explica o estudo o País apresentar o saldo comercial positivo é importante porque isso “incrementou a oferta de dólares na economia”, auxilia na “contenção da inflação” e melhora o poder de compra dos consumidores. O estudo foi elaborado pelo economista José Luiz Alonso, também da Sudene, e contou com a revisão de José Farias.

O lado preocupante dessa história é que tanto a pauta de exportação do Brasil como a do Nordeste continuam concentradas em poucos produtos. No País, somente três produtos representaram 37,4% do total exportado em 2023 que foram a soja, os óleos brutos de petróleo e o minério de ferro.

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açúcar em Suape
Açúcar está entre os produtos mias exportados/Foto: Dani Coutinho

“As exportações do Brasil e do Nordeste se concentram em produtos primários de baixa complexidade. Precisamos exportar produtos de maior valor agregado”, comenta José Farias. No ano passado, 20 produtos responderam por 80,5% das exportações totais nordestinas e, no Brasil, a mesma quantidade de produtos corresponderam a 71,9% do total de tudo que o País vendeu ao exterior, de acordo com o boletim.

Neste intervalo de 10 anos, os principais produtos exportados pelo Nordeste continuaram os mesmos, embora a soja tenha aumentado muito o percentual com relação ao total exportado pela região. No ano passado, a soja foi o produto mais exportado, representando 23,4% do total exportado pelo Nordeste, enquanto correspondeu a 10,5% do total exportado pela região em 2013.

Ainda no ano passado, os produtos mais exportados pelo Nordeste foram os seguintes (com as suas respectivas participações no total): óleos de petróleo (13,1%), pastas químicas (6,1%) e açúcar (4,1%). Em 2013, estes mesmos produtos tinham a seguinte participação: óleos de petróleo (11,2%); pastas químicas (7,8%) e açúcar (6,2%).

Ainda em 2023, a participação da região Nordeste nas exportações nacionais foi de 7,4%, a menor dos últimos sete anos; e, nas importações, a região representou 11,2% de tudo que foi comprado pelo País.

Agronegócio - Soja - exportações
A soja é o produto mais exportado pelo Nordeste. Foto: CNA/Wenderson Araújo/Trilux

Principais produtos das exportações em alguns Estados

Em 2023, os quatro principais produtos exportados pelo Maranhão foram, em ordem decrescente, a soja, o corindo artificial (um produto ligado à produção de alumínio), pastas químicas e o milho, que foi o oitavo produto mais exportado por aquele Estado em 2013. Tanto a soja como o milho são produzidos na região conhecida como Matopiba, formado por áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

No Piauí, os principais produtos exportados, em 2023, são agrícolas: soja, milho, resíduos da soja e mel natural. Lá, o milho era o quinto produto mais exportado em 2013.

Entre 2013 e 2023, o Ceará apresentou uma mudança nos quatro primeiros primeiros produtos exportados. No ano passado, os produtos mais exportados lá, em ordem decrescente, foram os semimanufaturados de ferro ou aço, ligas de aço, calçado com sola exterior e melões, melancias e papaias frescos, no quarto lugar dos mais vendidos ao exterior. Em 2013, o primeiro lugar era ocupado pelos óleos de petróleo, o segundo por calçado com sola exterior e o terceiro por couro depois da curtimenta ou secagem e no quarto lugar estavam os cocos, castanha do Brasil e castanha de caju.

No Rio Grande do Norte, os óleos de petróleo passaram a ser o produto mais exportado em 2023. Dez anos antes (em 2013), os óleos de petróleo ocupavam o nono lugar entre os produtos mais exportados pela economia potiguar. Algo similar ocorreu em Sergipe que não tinha os óleos de petróleo entre os seus 10 primeiros produtos exportados em 2013 e o produto passou a liderar a pauta de exportação dos sergipanos.

A pauta de exportação da Bahia continua sendo liderada pelos óleos de petróleo nos anos de 2013 e 2023. No ano passado, a soja foi o segundo produtos mais exportado pelos baianos, quando a commodity ocupava o terceiro lugar em 2013.

Em Pernambuco, os óleos de petróleo ocuparam o primeiro lugar entre os produtos mais exportados em 2023, sendo seguidos por automóveis, açúcares, frutas frescas e secas. Em 2013, os açúcares eram o principal produto de exportação dos pernambucanos, com produtos químicos ocupando a segunda posição, a terceira era fora formada por uvas frescas e secas e a quarta pelos combustíveis e lubrificantes para consumo de bordo.

Categorias: SINFACOPE

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