por Ana Claudia Nagao / FONTE: PANORAMA FARMACÊUTICO
Entre os meses de maio e junho, o Brasil registrou um aumento de 0,31% nos preços de medicamentos. Mas o Rio Grande do Sul, vítima de severas enchentes no período, destoou da média e teve elevação de 1,38%. É o que apontou uma pesquisa inédita da Proffer, startup especializada em precificação para o varejo farmacêutico e integrante do ecossistema da Farma Ventures.
Ao analisar o cenário por categorias, o estudo revela que o setor de cuidados pessoais apresentou uma variação de 0,78%, enquanto a maior diferença negativa foi observada no setor de higiene e beleza, com recuo de 0,30%. Já os medicamentos tarjados e os OTCs/ MIPs apresentaram variações similares de 0,31% e 0,20%, respectivamente.
“Observa-se uma leve inflação dos preços, que mostra um movimento mais recente em comparação ao começo do ano, com destaque para a aceleração nos valores praticados pelas farmácias do Rio Grande do Sul. Isso faz total sentido, uma vez que a região vem passando por um momento muito difícil e o medicamento é um produto essencial”, afirma Paulo Sergio Soares, cientista de dados da Proffer.
Principais variações dos preços de medicamentos
Entre os itens que registraram as maiores variações de preço entre os meses de maio e junho de 2024 na área de OTC e MIPs estão os medicamentos para alergia, com alta de 11,16%, ansiedade e estresse (4,95%); e dor e febre (4,60%). Já as categorias que apresentaram menor diferença foram gripe e resfriado, com variação negativa de 9,45%; vitaminas e minerais (-8,44%) e tosse (-7,86%).
Na categoria de medicamentos tarjados, as maiores variações de preço foram para aparelho respiratório (3,55%), sistema cardiovascular (6,97%) e órgãos dos sentidos (10,63%). As menores ficaram por conta dos anti-infecciosos (-10,08%), sistema osteomuscular (-0,35%) e oncologia (-6,89%).
“O mês de maio apresentou o avanço mais acentuado de todo o semestre, devido ao reajuste anual de preços ocorrido em abril e outros fatores externos como a pressão inflacionária”, explica Paulo Henrique Botelho, gerente de produto e precificação da Proffer e especialista em pricing com dez anos de experiência no varejo farmacêutico.
Para o executivo, que foi coordenador de pricing na Drogaria Araújo, o shopper também dedicou mais tempo à pesquisa de preços na hora de comprar medicamentos. “Em função desse comportamento, algumas estratégias fundamentais para os varejistas do canal farma incluem promoções que fomentem o aumento de volume de vendas, como Leve X e Pague Y para clientes que buscam preços mais baixos. Também são cruciais o alinhamento da equipe de vendas e o foco nos medicamentos genéricos. São caminhos não perder volume de vendas e, ao mesmo tempo, preservar a rentabilidade”, argumenta.
As variações de preços em não-medicamentos
As categorias de não-medicamentos analisadas incluem higiene e beleza, cuidados com a saúde, cuidado pessoal e mundo infantil.
Cesta de junho
Os MIPs que se destacaram com os maiores aumentos de preços foram o Neosoro adulto, com variação de 2,77%; a pomada Vick Vaporub (2,28%) e o Sonrisal (1,12%). Já entre os medicamentos de prescrição, as principais altas envolveram o Nimesulida de 100 mg em comprimido (7,60%) e a Losartana de 500 mg (também comprimido).
Já entre os não medicamentos, os itens que mais colaboraram para a inflação nas farmácias incluem artigos de bomboniere e xampus infantis. “Neste momento, os gestores de farmácia devem observar como esse aumento de preços vai refletir na demanda pelos produtos. O momento exige prudência na estocagem de itens e um olhar atento aos impactos dos fatores econômicos na jornada e decisão de compra do consumidor”, finaliza Botelho.
0 comentário