FONTE: PANORAMA FARMACÊUTICO
Um levantamento da consultoria Tendata elencou os 10 países que mais exportaram medicamentos em 2023. Mercados tradicionais como Canadá, Estados Unidos e França ocupam a lista, mas o ranking traz algumas surpresas e uma liderança inusitada.
O estudo levou em consideração somente a comercialização de remédios acabados, sem incluir insumos farmacêuticos ativos, o que ajuda a entender a ausência de China e Índia no top 10. As exportações em nível global ultrapassaram US$ 28 bilhões (R$ 141 bilhões) no ano passado.
Impulsionada por esses resultados, a produção de medicamentos já é a sexta maior em vendas, ficando atrás apenas dos automóveis, petróleo refinado, circuitos integrados, autopeças e computadores.
Novo líder entre os 10 países que mais exportaram medicamentos
A cada ano, a lógica do mercado consistia em ver os Estados Unidos entre os 10 países que mais exportaram medicamentos. Mas o gigante da indústria farmacêutica perdeu o posto para um líder inédito.
Com US$ 572 milhões (R$ 2,89 bilhões) em remédios vendidos para o mercado externo, o Nepal vem se consolidando como um celeiro do setor. A nação do Himalaia é uma fonte diversificada de fármacos baseados nos princípios da medicina ayurveda, tanto que conta com 73 fábricas especializadas.
A diversidade de condições climáticas amplia o leque de soluções farmacêuticas disponíveis no país. Mas a mão do Estado vem sendo o fator mais determinante para potencializar essa produção industrial.
O governo nepalês incorporou os medicamentos a uma política de Estado. Como primeira iniciativa, decidiu explorar a proximidade estratégica com a China e a Índia para obter IFAs importados sem custos elevados com o deslocamento da matéria-prima.
Com a garantia de insumos baratos, o Nepal pode concentrar mais recursos financeiros na NPRDU, universidade pública inteiramente dedicada à pesquisa e desenvolvimento farmacêutico. O resultado é a existência de mais de 130 laboratórios nacionais e outras 30 já estão em processo de obtenção de licenças.
África Oriental também se destaca no ranking
Outros dois mercados também chamam a atenção no levantamento. Uganda e Ruanda figuram na terceira e quarta colocações, respectivamente. Ambas as nações integram uma política de Estado que ultrapassou fronteiras.
Em 2012, os países da África Oriental uniram-se em torno do primeiro Plano de Ação Regional de Fabricação Farmacêutica, que durou até 2016. Uma segunda etapa teve início em 2017, com planejamento de expansão firmado até 2027.
O objetivo-chave é reduzir o fluxo de importações para menos de 50% e fomentar a produção local de forma a atender pelo menos 90% das doenças. Os governos locais, inclusive, têm como meta adquirir pelo menos metade das indústrias farmacêuticas de capital privado. Em paralelo, mantêm tarifas de exportação reduzidas para atrair compradores. A implementação de plantas com foco em formulações mais avançadas, entre as quais vacinas e injetáveis, também estão no centro das prioridades.
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