Por Leandro LuizeFONTE: PANORAMA FARMACÊUTICO

As farmacêuticas figuram como o setor que encabeçam o crescimento da indústria nacional. Há dois trimestres seguidos o segmento supera a evolução da indústria de transformação como um todo.

No primeiro trimestre de 2023, os laboratórios atuantes no país registraram crescimento a uma taxa de dois dígitos, passando de 16,9% registrado no quarto trimestre de 2022 para 17,2%. Enquanto isso, a produção da indústria de transformação encolheu 1%.

Os indicadores constam de um estudo da LF Novais, encomendado pelo Grupo FarmaBrasil, que representa 12 indústrias farmacêuticas nacionais, com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

De acordo com a pesquisa, um dos fatores que justificam essa evolução é que a produção doméstica está ocupando mais espaço no mercado. Isso porque as importações de farmacêuticos e farmoquímicos, em quantidade, recuaram 17,6% no primeiro trimestre de 2023 frente ao mesmo período do ano passado.

“Os dados mostram que a indústria nacional está preparada para o aumento da produção desejado pelo governo federal, reduzindo a dependência da importação de insumos e medicamentos”, comenta Reginaldo Arcuri, presidente do FarmaBrasil.

O estudo indica ainda que esta fase de forte expansão da produção da indústria farmacêutica e farmoquímica terá continuidade, também revelada pela expectativa dos empresários do setor.

Segundo sondagem da CNI, o índice da intenção de investir nos próximos seis meses atingiu 75,2 pontos no primeiro trimestre de 2023, o nível mais elevado desde o mesmo período de 2015, suplantando com boa margem a média da indústria de transformação (53,3 pontos). O indicador está bem acima da linha dos 50 pontos, o que indica bastante otimismo.

Farmcêuticas do Brasil dominam investimentos na América Latina

As farmacêuticas do Brasil dominam os investimentos do setor na América Latina. O país ampliou em cinco pontos percentuais a liderança regional em volume de negócios e já responde por 47% do faturamento em dólares.

s laboratórios que atuam no continente latino-americano registraram US$ 64,6 bilhões em receita nos últimos 12 meses até março, incremento de 13,1% em relação ao mesmo período anterior e já excluindo as vendas de vacinas da Covid-19.

Deste total, US$ 30,2 bi foram resultantes das farmacêuticas presentes no Brasil, por meio da venda de 6,4 bilhões de unidades de medicamentos tanto para o varejo como para o chamado canal institucional.

O segundo lugar coube ao México, mas com quase US$ 20 bilhões a menos que o mercado brasileiro e participação de apenas 18%. A Argentina figura no terceiro posto e representou 10% do faturamento, mas sem atingir um dígito em valores absolutos. Como parâmetro, o país tem receita superior à de México, Argentina, Colômbia, Equador e toda a América Central e Caribe, juntos.

Apesar de alguns impactos da pandemia e da falta de medicamentos para categorias como antibióticos e antigripais, as áreas terapêuticas de cardiometabolismo, diabetes e sistema nervoso central obtiveram um avanço médio de 20%. No caso dos suplementos vitamínicos, o incremento chegou a 39%.

Farmacêuticas brasileiras têm impulso do SUS

A liderança folgada da indústria farmacêutica brasileira está atrelada a uma soma de fatores, na visão de Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma.

“Temos número de habitantes e população idosa maiores na comparação com os demais países. Mas a grande diferença está no sistema público de saúde, cuja acessibilidade do SUS funciona como uma alavanca para a rede privada e o consumo de medicamentos”, argumenta.

O dirigente destaca o fato de 40 milhões de pessoas integrarem a cobertura do segmento de saúde suplementar. “É um contingente que se aproxima da população de toda a Argentina, por exemplo”, completa.

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