Por Ana Claudia Nagao, / FONTE: PANORAMA FARMACÊUTICO

proteção regulatória
Foto: Canva

Pesquisa realizada pela consultoria dinamarquesa de life sciences Copenhagen Economics revela que a proteção regulatória pode acelerar a inovação na indústria farmacêutica no Brasil. As informações são do portal JOTA, com base no estudo encomendado pela Interfama e pela Pharmaceutical Research and Manufacturers of America (PhRMA).

Segundo a publicação, o país poderia receber centenas de novos medicamentos inovadores caso optasse por incluir melhorias na regulação para a proteção de propriedade intelectual. O fato também acabaria gerando milhares de empregos, aumentando a participação da indústria farmacêutica na economia do país.

“A análise usa dados de 53 países para prever que o Brasil poderia ter um aumento de cerca de 40% no número de medicamentos inovadores disponíveis e que, para cada medicamento inovador introduzido, existiriam aproximadamente três medicamentos genéricos ou biossimilares”, informa o estudo.

Ao todo, poderiam ser disponibilizados cerca de 570 novos medicamentos aos brasileiros com a melhoria na proteção da propriedade intelectual na indústria.

Além dos novos medicamentos, o relatório conclui que o número de ensaios clínicos pode mais do que dobrar no Brasil, levando a um aumento significativo no investimento estrangeiro direto e nas oportunidades de emprego, dado a segurança que a proteção regulatória fornece.

Para isso, o país precisa implementar um sistema robusto de proteção da inovação. Aqui se inclui a Proteção Regulatória do Dossiê de Testes (PRDT) ou Regulatory Data Protection (RDP), que está prevista no Acordo da Organização Mundial do Comércio sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPS), além de diversos tratados comerciais internacionais.

O próximo passo é construir um ecossistema de pesquisa, o que significa atrair pesquisadores altamente qualificados e fornecer uma boa infraestrutura de dados para conduzir pesquisas de maneira eficiente e eficaz. Por último, se deve remover barreiras para startups e melhorar o acesso a investimentos.

“A PRDT e outros direitos de propriedade intelectual funcionam de modo a garantir um período para que os investidores em inovação recuperem seus investimentos. Isso motiva as empresas a se envolverem em um empreendimento arriscado, como o de desenvolver novos medicamentos, dos quais muitas tentativas deverão falhar e o dinheiro investido será perdido”, afirma Christian Jervelund, um dos autores do estudo.

Segundo ele, hoje, no Brasil, sem a previsão de proteção do dossiê de testes, existe apenas a patente que protege um novo composto para um novo medicamento, mas não o pacote de dados dos ensaios clínicos, por exemplo. 

“Com isso, quando as empresas de medicamentos originais desenvolvem um novo medicamento e o testam nas fases 1, 2 e 3, necessárias para obter uma autorização, as empresas de genéricos podem usar esses dados para obter sua própria autorização gratuitamente. Isso significa que as empresas de medicamentos originais hesitam mais em desenvolver medicamentos e trazê-los para o mercado brasileiro”, explica.

Proteção regulatória leva a mais medicamentos disponíveis

Os autores reforçam que países como Chile, México e Colômbia já contam com essa proteção à propriedade intelectual. Em 2002, o Brasil introduziu a PRDT, que engloba todo o estudo, desde o ensaio clínico aos novos compostos, para produtos veterinários e agrícolas, excluindo, no entanto, produtos para uso humano.

Essa falta de proteção à propriedade intelectual no caso de medicamentos para uso humano inibe investimentos e pesquisas. Mercados com PRDT possuem 17 vezes mais ensaios clínicos do que aqueles que não contam com a proteção. 

Já em relação a

o preço, o estudo mostra que a entrada de novos produtos farmacêuticos inovadores aumenta o número de genéricos e biossimilares em cerca de três vezes, fazendo com que o custo dos orçamentos de saúde pública no país caia. 

Aumento do PIB

Caso o Brasil siga uma estratégia semelhante à das três etapas citadas por Jervelund, o estudo afirma que a indústria brasileira de genéricos poderia crescer cerca de US$ 3,6 bilhões, indo a US$ 10,2 bilhões.

Esse crescimento, segundo o estudo, poderia ainda agregar cerca de US$ 14,4 bilhões à economia brasileira, gerando um efetivo total de US$ 24,7 bilhões de contribuição ao PIB do país. Ao todo, seriam cerca de 800 mil empregos gerados pela iniciativa. 

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