FONTE: CONTÁBEIS

Sugestão é a adoção de um imposto sobre vendas a varejo que dê autonomia aos municípios

Grupo de trabalho da Reforma Tributária defende IVA mais moderno, com poucas alíquotas e isenções

A maioria dos convidados de audiência na Câmara dos Deputados, que tratou de práticas tributárias internacionais, afirmou que os impostos sobre valor agregado (IVAs) mais modernos têm poucas alíquotas e isenções. 

Mas, na audiência desta quarta-feira (15), do Grupo de Trabalho sobre a Reforma Tributária, alguns convidados rejeitaram o IVA como solução única e defenderam um Imposto Sobre Vendas a Varejo (IVV), como existe nos Estados Unidos.

As reformas em estudo (PECs 45 e 110/19) substituem 5 tributos: Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) , Programa de Integração Social (PIS) , Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) e Imposto Sobre Serviços (ISS) por um IVA chamado Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

O especialista em Direito Tributário, Marcos Aurélio Valadão, concorda com a adoção do IVA, mas sugeriu que o ISS municipal seja substituído por um imposto sobre vendas a varejo. Este tipo de imposto incide apenas no varejo; ou seja, não é como o IVA, que incide em todas as fases da produção, mas permite que cada etapa receba os créditos pelo imposto pago na fase anterior.

Para Valadão, a substituição do ISS por um IVV manteria de uma maneira melhor a autonomia dos municípios. Já o consultor Antônio Lício defendeu a PEC 7, de 2020, que privilegia o IVV em vez do IVA. Para ele, o IVA é ruim porque depende da compensação de créditos.

Mas o conselheiro de Finanças da Embaixada da Espanha no Brasil, Francisco Gallardo, disse que é possível garantir uma devolução rápida do imposto pago; ou seja, o fim da cumulatividade tributária. Ele explicou ainda que o exemplo europeu trabalhou com tratamentos diferenciados para alguns setores e para pequenas empresas.

Entidade independente

A especialista da Universidade de York, no Canadá, Melina Rocha,  levantou a necessidade da criação de uma entidade independente para administrar a arrecadação e distribuição do novo Imposto sobre Bens e Serviços. Segundo ela, este ponto é o que tem emperrado as tentativas de reforma no passado. 

A entidade teria uma participação paritária da União, estados e municípios. “Então é um ganha-ganha. A meu ver, tanto o contribuinte estaria acreditando nesta entidade quanto estados e municípios, que vão ter uma participação paritária”, disse ela.

O deputado Newton Cardoso Jr. (MDB-MG) acredita que a divisão do IVA em dois, um federal e outro gerido pelos estados e municípios, poderia facilitar a aprovação política da reforma.

Isaias Coelho, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirmou que o IVA vai gerar crescimento econômico. “A competição estrangeira não se enfrenta lá fora, se enfrenta aqui dentro. O produtor brasileiro tem que lutar contra o produto estrangeiro aqui dentro do Brasil. Lá ele não tem resíduo do imposto na cadeia, lá ele vem limpo de IVA. Então nós temos que limpar também aqui. Deixar o imposto somente no último estágio”, disse.

O diretor do Instituto Justiça Fiscal, Paulo Gil, sugeriu que se faça primeiro a revisão do Imposto de Renda e dos tributos sobre patrimônio. Ele disse que essa revisão facilitaria a redução da tributação sobre o consumo. Segundo ele, que é auditor fiscal, houve uma reforma silenciosa nos anos 1990 que desonerou a renda dos empresários e ampliou a base de tributos sobre consumo.

“O maior contribuinte de Imposto de Renda em 2020 declarou R$ 2,750 bilhões. E teve uma alíquota próxima a 1% ou 2%”, afirmou.

Por outro lado, o relator da reforma, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), disse que o grupo precisa ter foco na tributação sobre consumo. “Eu não vi ninguém defender aqui o sistema atual. Mas às vezes ficam dizendo que não é a hora de tratar disso. Não venham com essa conversa, já passamos dessa fase. Estamos focados e eu estou focado no tema”, afirmou.

O deputado Zé Neto (PT-BA) afirmou que podem ser feitas negociações paralelas para compensar alguns setores mais resistentes com outras medidas. E citou a desoneração da folha de salários, que é importante para o setor de serviços.

Com informações da Agência Câmara de Notícias

Juliana Moratto

Publicado porJULIANA MORATTO

Categorias: SINFACOPE

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