Fonte: Redação Panorama Farmacêutico
O gasto com remédios de alto custo já supera US$ 20 bilhões no Brasil, o que o posiciona como um dos dez países que mais arcam despesas com essa classe de medicamentos. Os dados integram um estudo do Institute for Healthcare Information, que congrega laboratórios farmacêuticos e empresas de biotecnologia, e levam em conta os últimos 12 meses até setembro.
O Brasil aparece à frente de mercados como Índia, México e Rússia. E para 2024, a projeção é que o valor aumente 91% e chegue a US$ 38,4 bilhões. Com isso, o país alçaria a sexta posição e ultrapassaria Canadá, Espanha, Itália e Reino Unido.
Os 15 países que mais gastam com remédios de alto custo
Envelhecimento e judicialização puxam gasto com remédios de alto custo
O consistente processo de envelhecimento populacional no país é determinante para puxar o gasto com remédios de alto custo. Dados do IBGE apontam 32,9 milhões de brasileiros com mais de 60 anos, número que já está acima do de crianças de até nove anos. Em uma década, a parcela da população com essa faixa etária subiu de 11,3% para 14,7%.
A expectativa de vida caminha na mesma proporção. Embora tenha sofrido uma queda de quatro anos durante a pandemia, esse índice permanece elevado – 72,7 anos. “Esse contexto implica desafios extras para toda a cadeia farmacêutica, na medida em que expõe os gargalos de acesso agravados pela complexidade logística”, analisa Paulo Maia, presidente executivo da ABRADIMEX, que representa as 17 maiores distribuidoras nacionais de medicamentos.
Outro fator que vem aumentando a curva de gastos está associado à judicialização. As ações movidas por pacientes e associações têm parecer favorável em 98% dos casos, segundo a Close-Up International. Muitos fármacos ainda convivem com baixa disponibilidade e a iniciativa privada, por meio de pagadores institucionais como planos de saúde, responde por 55% dos custos.
Desde 2010, a oncologia tornou-se a área terapêutica número um e vem mantendo crescimento substancial de 140% na década, superando a média global. No Brasil, cresceu 250% no período. As dez áreas terapêuticas com maior receita representam 72% do mercado institucional, sendo que as três primeiras – oncologia, vacinas e imunologia – correspondem a 41%.
Reação dos atores do setor
Em contrapartida às barreiras na jornada de acesso, o setor ensaia movimentos para mudar essa realidade. Incentivada por investimentos das multinacionais, América Latina e o Brasil receberam aportes de US$ 1,1 bilhão em pesquisa e desenvolvimento de medicamentos, o maior montante nos últimos cinco anos em escala global. E o país representou 32% desse total.
Na visão de Paulo Maia, pelo maior valor agregado, os medicamentos inovadores ganharam prioridade na agenda estratégica das farmacêuticas. Ao mesmo tempo, os laboratórios demandam cada vez mais parcerias para melhorar a adesão aos tratamentos. Nesse quesito, as distribuidoras especializadas nesses remédios vêm mudando sua essência de atuação, não se limitando à jornada do medicamento.
“Elas passaram a operar como hubs de prestação de serviços, integrando os programas de suporte ao paciente da indústria e estabelecendo um elo direto com esse público, não apenas no ambiente intra-hospitalar como também por meio de iniciativas como o delivery de medicamentos de alto custo, trabalho que inclui orientações sobre o uso e alertas de horários de ingestão”, finaliza o dirigente.
Fonte: Redação Panorama Farmacêutico
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