FONTE: JORNAL CONTÁBIL

ByLeonardo Grandchamp

Em meio às adversidades econômicas atuais do nosso país, meio milhão de empresas encerraram as atividades nos primeiros quatro meses do ano – dados do Ministério da Economia. Não à toa, fazer um empréstimo é uma opção cada vez mais atraente para empreendedores que desejam fugir dessa estatística – seja para expandir negócios ou manter a saúde financeira da empresa.

Como as micro e pequenas representam 27% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, o governo federal anunciou uma linha de crédito para negócios deste porte que liberará um total de R$ 90 bilhões até o final do ano.

Pelo menos nove milhões de empreendedores poderão se beneficiar da iniciativa, que será viabilizada por meio de três programas: Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), Peac (Programa Emergencial de Acesso ao Crédito) e PEC (Programa de Estímulo ao Crédito).

No entanto, contratar uma linha de crédito exige planejamento para atingir os objetivos pretendidos. Caso contrário, essa solução pode trazer novas dores de cabeça e agravar os problemas que inicialmente fizeram a empresa decidir pelo empréstimo.

Em quais situações uma linha de crédito ajuda a empresa?

Existem diversos tipos de linhas de crédito oferecidas para empresas. Seja a antecipação de recebíveis, cartão de crédito, empréstimos online em fintechs ou até de bancos tradicionais, o empreendedor pode recorrer a essa opção nas seguintes situações:

Garantir capital de giro à empresa

Em resumo, o capital de giro é o dinheiro disponível para arcar com as despesas do negócio – tanto os gastos fixos quanto os variáveis. Este saldo é imprescindível para a boa saúde financeira de qualquer empresa.

Por isso, situações de crise e faturamento reduzido podem fazer com que o capital de giro disponível não seja suficiente para suprir as necessidades do negócio. Nestas circunstâncias, o empréstimo pode mitigar os efeitos da crise e ajudar a empresa a navegar rumo a águas mais calmas.

Aumentar a escala do negócio

Caso o empreendedor queira dar maior escala ao negócio, é necessário contar com recursos financeiros. Seja para contratar mais profissionais, adquirir novos equipamentos ou ampliar a empresa, este tipo de investimento nem sempre é simples.

Nem todo micro e pequeno empresário possui reserva financeira suficiente para este tipo de investimento. Por isso, contratar uma linha de crédito é uma solução para ampliar a escala a curto e médio prazo – principalmente em cenários econômicos como o atual.

Reformas e manutenções

Imprevistos acontecem e a necessidade de reformas ou manutenções pode ser uma pedra no sapato do empresário. Nem sempre os recursos necessários estarão disponíveis sem comprometer o capital de giro e, portanto, o empréstimo é uma solução atrativa.

Como contratar empréstimo para empresas?

Independentemente de qual seja a situação na qual a empresa precise da linha de crédito, existem uma série de cuidados a serem tomados. A seguir, confira os principais:

1. Mapeie a necessidade da empresa

Primeiramente, deve-se entender qual é o objetivo da empresa e definir qual o valor necessário para atingi-lo. Ao contratar o empréstimo empresarial, serão acrescidos juros e, por isso, este planejamento deve considerá-los na hora de avaliar as opções.

2. Procure o banco com melhores condições

Assim como qualquer serviço, os bancos oferecem condições que variam de acordo com cada estabelecimento. Por isso, é imprescindível procurar qual será a instituição financeira mais benéfica para a empresa – e, é claro, sempre negociar para conseguir taxas de juros e parcelas mais vantajosas.

3. Avalie a pontuação de crédito da empresa

Para conquistar boas condições de empréstimo, é essencial ter uma boa pontuação de crédito. Não se trata somente do empreendedor passar credibilidade à instituição financeira escolhida, mas sim da empresa como um todo.

Portanto, fazer o pagamento de fornecedores, salários e até impostos é crucial neste quesito. E, é claro, oferecer comprovantes de que a gestão financeira está sendo feita de maneira controlada e eficiente.

Além disso, deve-se avaliar os pré-requisitos e possíveis restrições do banco. Nem todos possuem as mesmas e, por isso, a avaliação é feita de maneira diferente.

4. Tenha um plano de negócios

Para usar o capital obtido através de uma linha de crédito, é essencial ter um plano de negócios estruturado. Não se trata somente de investir os recursos obtidos pelo empréstimo, mas também de planejar o pagamento.

Além de ser essencial para garantir a saúde financeira da empresa, este planejamento é importante para ter credibilidade com o banco. Caso ele não seja feito de maneira estruturada, a possibilidade de ter o empréstimo aprovado é menor.

5. Separe a pessoa física da jurídica

Separar o CNPJ do CPF é uma das coisas mais importantes para o empreendedor garantir boa saúde financeira aos negócios. Isso se aplica também à contratação de empréstimos, que deve separar a pessoa jurídica da física – mesmo que as condições oferecidas ao empresário sejam mais vantajosas daquelas disponibilizadas para a empresa. 

Governo anuncia linha de crédito para MEI

E não são só empresas que poderão se beneficiar da linha de crédito oferecida pelo governo. Microempreendedores Individuais (MEIs) também estão entre os beneficiários do programa, podendo contratar empréstimos para investir nos negócios.

Segundo o Ministério da Economia, 69% das pessoas jurídicas do Brasil são MEIs. Estas 13,4 milhões de empresas geram R$ 11 bilhões mensalmente, representando parcela importante da economia nacional.

Para ser MEI, é necessário ter receita bruta anual de até R$ 81 mil – o que corresponde a R$ 6.750 mensais. Caso o profissional ganhe mais, portanto, ele já se enquadra em ME (Microempresa).

Com o Microcrédito Empreendedor, feito pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), é possível que o MEI contrate empréstimo de até R$ 20 mil. Esta linha de crédito terá taxa de juros de até 4% ao mês, além de taxa administrativa de até 3% – condições que variam de acordo com o agente operador.

Segundo o BNDES, não serão exigidas garantias para a contratação da linha de crédito. O MEI poderá fazer este empréstimo para ter capital de giro ou investir em obras, insumos e equipamentos.

Serão liberados R$ 22 bilhões até dezembro de 2023. Para contratar o empréstimo para MEI, basta procurar o banco com condições mais vantajosas. Assim como nos outros tipos de pessoas jurídicas, é imprescindível se planejar para utilizar os recursos e quitar as pendências.

Além disso, deve-se separar gastos de pessoa física e jurídica. Esse detalhe é crucial para o MEI garantir a saúde financeira e fazer o negócio prosperar.

Categorias: SINFACOPE

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