BC avalia que medidas para reduzir preço dos combustíveis podem diminuir inflação neste ano, mas aumentar em 2023.
FONTE: EXAME. / Por Agência O Globo
(Agência Brasil/Arquivo)
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central(BC) vê um enfraquecimento da atividade econômica nos próximos trimestres como resultado da alta nos juros e uma inflação mais elevada em 2023 por conta das medidas em discussão para reduzir o preço dos combustíveis. As constatações estão na ata da reunião do Copom divulgada nesta terça-feira.
Na reunião que decidiu por um aumento de 12,75% para 13,25% na taxa básica de juros na semana passada, os membros do Copom ressaltaram que os indicadores de atividade econômica, como os números do mercado de trabalho e de consumo das famílias, contribuíram positivamente para a economia.
No entanto, riscos de desaceleração global estimulados pela alta de juros ao redor do mundo e a elevação da Selic no Brasil, que saiu de 2% para 13,25% em pouco mais de um ano, devem impactar negativamente o crescimento econômico.
“O Comitê avalia que a atividade deve desacelerar nos próximos trimestres quando os impactos defasados da política monetária se fizerem mais presentes”, aponta a ata.
Além disso, a avaliação do Copom é que os dados positivos de atividade econômica ainda refletem um processo de normalização da economia após a pandemia. Como exemplo, a ata menciona alta nos serviços, que foram bem impactados nos últimos dois anos, e a utilização da poupança que foi guardada durante o período.
Riscos fiscais
Como já havia feito no comunicado da última semana, o Copom voltou a mencionar que as medidas tributárias em discussão diminuem “sensivelmente” a inflação neste ano, mas devem aumentar, em menor magnitude, os preços em 2023.
Essas medidas tributárias fazem parte de um esforço do governo para diminuir os preços de combustíveis esse ano e incluem o teto do ICMS e a alíquota zero para alguns impostos federais sobre gasolina e etanol.
“O Comitê reforça que a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e políticas fiscais que sustentem a demanda agregada podem trazer um risco de alta para o cenário inflacionário e para as expectativas de inflação”, apontou.
Ainda de acordo com a ata, a conjuntura é “particularmente incerta e volátil” e requer serenidade na avaliação de riscos.
Depois da reunião do Copom, o Congresso passou a discutir com o governo uma elevação de cerca de R$ 50 bilhões de despesas fora do teto de gastos para tentar reduzir o preço dos combustíveis.
Juros mais altos
Na ata, o Copom ainda cita que a maior parte do efeito da alta nos juros ainda não impactou a economia. Esse movimento demora alguns meses para fazer algum efeito na economia real, um fenômeno conhecido como “defasagem da política monetária”.
“O Copom iniciou sua discussão com a avaliação do ciclo de ajuste empreendido até a presente reunião. Ressaltou-se que o ciclo de aperto monetário corrente foi bastante intenso e tempestivo e que, devido às defasagens de política monetária, ainda não se observa grande parte do efeito contracionista esperado bem como seu impacto sobre a inflação corrente”, diz o documento.
Em todas as reuniões do Copom, os membros avaliam o cenário econômico e constroem cenários de referência. Na reunião da última semana, esse cenário tinha juros em 13,25% ao final de 2022, 10% em 2023 e 7,5% em 2024.
Dessa maneira, a inflação ficaria em 8,8% este ano, 4% em 2023 e 2,7% em 2024. No entanto, a ata aponta que os juros deverão ser um pouco mais altos e deverão ficar em um patamar mais elevado por mais tempo para que a inflação de 4% em 2023 seja atingida.
“Dessa forma, a estratégia de convergência para o redor da meta exige uma taxa de juros mais contracionista do que o utilizado no cenário de referência por todo o horizonte relevante”, aponta a ata.
Assim como já havia sinalizado no comunicado da semana passada, o Copom citou novamente que na próxima reunião deve fazer mais uma elevação de 0,5 ponto percentual (p.p) ou menos.
“O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”, diz.
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