Empresários acumularam dívidas ao longo da pandemia e agora lutam para driblar a alta da inflação.
FONTE: CONTÁBEIS
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Nesta quinta-feira (2), o IBGE informou que a economia brasileira recuou 0,1% no terceiro trimestre, consolidando a ‘paradeira’ do PIB, que entrou em recessão técnica.
Os dados mostram que a crise econômica continua, com números expressivos de desempregados, inflação em alta, renda em queda e juros escalando.
Com isso, empresários estão tendo dificuldades para a retomada. Cláudia Mendes, dona de uma rede de lavanderias na Zona Sul do Rio, se resignou diante da crise provocada pela pandemia do coronavírus.
Porém, no início de 2021, a resignação já dava lugar à preocupação com a demora na retomada. Se em 2020 ela manteve o negócio à tona graças a linhas de crédito e suspensão de contratos de funcionários, em 2021 foi a hora de pagar por isso – e o dinheiro ainda não estava entrando.
A luz no fim do túnel, no entanto, começou a aparecer aos poucos. Ao longo dos meses, ela viu o movimento de clientes – e turistas – voltar a crescer.
“O pior só passou porque injetamos dinheiro para recompor caixa, dinheiro pessoal. Mas, com isso, nossa reserva financeira foi toda embora”.
Inflação
Por outro lado, a inflação subiu, o que também afetou o caixa das empresas. “O nosso faturamento não mudou muito. O movimento melhorou, mas como a inflação deu uma disparada, o impacto no nosso caixa foi muito pequeno”.
A empresária precisou reajustar os serviços que oferece em 15% para equilibrar as contas.
“Com o reajuste nos preços, o faturamento começou a melhorar. Mas a gente tem um acumulado [de dívidas] para trás que ainda gera uma defasagem muito grande”.
A inflação dos combustíveis também prejudicou as mudanças na oferta de serviços que a empresária fez para aumentar a clientela.
“No início da pandemia começamos a atender a Zona Sul inteira sem cobrar pelo delivery. Isso ajudou muito a aumentar a nossa demanda. Só que o aumento da gasolina foi sendo tão grande que ficou inviável. A gente demorou a se tocar que estava aumentando o volume de demanda, mas sem lucro nenhum.”
Perspectivas
Para a empresária, a falta de clareza sobre o futuro e de perspectivas para a retomada prejudicou a gestão e o futuro do negócio.
“Uma das piores coisas que aconteceu com a gente, acho que com a maioria dos empresários, é que não tivemos a dimensão do que era real”, diz.
Sem essa previsibilidade, a empresária acumulou dívidas ao longo da pandemia, acreditando numa melhora futura das condições.
“Estamos com seis empréstimos para pagar. O governo disse que iria suspender a cobrança, mas só suspendeu a de um por apenas dois meses”, lamenta.
Publicado porDANIELLE NADER
Jornalista
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